Desapego: o luxo de viver leve
- Robson Oliveira

- 11 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de ago.

Você já reparou no peso invisível que carrega? Nem sempre está na mochila, nem na carteira — mas nos ombros, na nuca, no peito apertado. Vivemos acumulando coisas, lembranças, culpas, medos — guardamos dentro do corpo o que deveríamos ter deixado ir há muito tempo.
No Oriente, desapego não é abandono — é libertação. É a arte de soltar sem perder. É confiar que a vida flui melhor quando não a estrangulamos com nossas expectativas. Mas como praticar isso num mundo que ensina o oposto? Que grita “tenha mais, guarde mais, conquiste mais”?
Desapegar também é físico
No futon, vejo isso todos os dias. Músculos que se recusam a soltar. Mandíbulas que seguram palavras engolidas. Costas que guardam ressentimentos de anos. O corpo é um depósito de apegos: pessoas, memórias, histórias que não cabem mais — mas insistem em morar ali, pagando aluguel em forma de dor.
Quando alguém se entrega ao toque do Hak’a, do Shiatsu, do Thai, algo mágico acontece: o corpo entende que não precisa mais segurar tudo sozinho. É como se, no silêncio, ele sussurrasse: “Tá bem, eu solto.” E ali se vai um peso que nem terapia falada, sozinha, consegue alcançar.
O que podemos soltar hoje?
Desapegar é luxo, sim — mas não custa dinheiro. Custa coragem. Exige aceitar o vazio, mesmo que por um instante. É escolher abrir espaço para o novo, mesmo sem saber o que vem. É soltar um suspiro profundo, uma expectativa frustrada, uma tensão antiga.
E sabe de uma coisa? O corpo ensina. Se você não consegue largar um pensamento, largue o ombro. Se não consegue soltar uma mágoa, solte o ar. Aos poucos, o corpo faz a mente entender.
Prática simples
Aqui vai um gesto de desapego agora:
Inspire contando até quatro.
Enquanto solta o ar, diga mentalmente: “Eu solto.”
Sinta se algum ponto do seu corpo relaxa — mesmo que seja um milímetro.
Repita três vezes. Sinta a leveza que cabe aí dentro.
Desapegar não é perder — é ganhar espaço. É vestir a leveza como quem veste uma roupa fresca num dia de calor.
Me conte: o que pesa aí dentro hoje? Se quiser soltar, o futon está aberto. O toque espera. E o corpo, grato.







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